terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Cegueira

Manhãs escorrem pelos dedos do céu, ao reluzir das lembranças cósmicas que tocam as músicas das esferas distantes. Mas nada disso se compara ao castanho marinho do mar de seus olhos, brilhantes, graúdos e doridos. Ou mesmo os frutos mais doces que florescem do seu corpo a cada segundo passado, em conjunto com as serpentes serenas que afloram de seus cachos escorrentes. Nesse momento, eu estava cego, mas não por não poder enxergar, e sim por não conseguir assimilar o encanto mais lívido das paisagens e sensações que me banhavam com os receptores mentais ou por ser traído pelo seu fluxo, ao despertar de uma tarde de carnaval nublada em meio de uma tempestade de angústia.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Essa cegueira causada não pela ausência de visão, mas por uma visão sublime, intensa e fascinante, faz com que todo e qualquer amanhecer não se apresente semelhante a qualquer outro. E apesar de saber que as "manhãs escorrem pelos dedos do céu", o que importa mesmo é aquele incomparável "castanho marinho do mar de seus olhos".
Considero esse texto como um poema em prosa, muito bem evidenciado o eu-lírico de alguém que se apresenta "ausente" (dormindo) diante de uma "diversão" tão notória e aceita pela maioria!

11 de fevereiro de 2008 às 21:31  

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